Os 10 maiores laterais-esquerdos da história do Brasileirão

maiores laterais-esquerdos da história

Não há dúvida que o Brasil é uma escola de grandes laterais-esquerdos, Nílton Santos é o maior de todos, mas decidimos fazer uma lista especial, com os dez mais marcantes na história do Campeonato Brasileiro. Infelizmente, o mito do Botafogo não foi listado, por ter disputado só uma Taça Brasil, mas nosso Top 10 está recheado de outros grandes nomes, colecionadores de títulos, de Bolas de Prata e que enchiam os olhos dos fãs de futebol quando avançavam no setor esquerdo. Acompanhe os dez mais:







10. KLÉBER
Talvez há quem diga que Kléber foi um lateral discreto, para entrar nesse Top 10, mas como ignorar um jogador que foi premiado três vezes na Bola de Prata e uma vez no Craque do Brasileirão? Isso não é para qualquer um. A questão é que Kléber se dedicava muito mais ao rigor no exercício da proteção ou de cruzamentos exatos, do que explorar outras habilidades. Talvez por isso, perdeu espaço para Léo no Santos, durante o fim da década de 2000, mas com sua objetividade foi fundamental na coordenação tática do Corinthians bicampeão brasileiro, em 1998 e 1999. Para completar o histórico de Kléber, o jogador foi o lateral-esquerdo que mais vezes atuou pela Série A até hoje, em 331 confrontos.



9. MARINHO CHAGAS
Marinho Chagas despontava por sua ousadia, mas pecava pela instabilidade em suas passagens como ídolo no Botafogo, Fluminense e São Paulo. Conhecido como "A Bruxa", ele assombrava qualquer defesa adversária, se lançando em ações ofensivas a todo tempo, com ampla visão de jogo, favorável conexão com o ponta-esquerda e velocidade implacável para desmontar a defesa adversária. O problema é que diante de tanta impulsividade, o galego acaba se precipitando e deixando uma avenida, em uma época que o futebol passava a privilegiar quem soubesse se antepor aos espaços. Infelizmente, Marinho Chagas não foi campeão brasileiro, mas mesmo assim conseguiu obter três Bolas de Prata e ainda foi o lateral titular da Seleção na Copa de 1974.



8. MAZINHO
Provido de boa transição em campo, Mazinho está na memória do torcedor como meia, sobretudo por conta da Copa de 1994, mas o jogador passou a chamar atenção mesmo como lateral-esquerdo no Vasco, durante o fim da década de 1980. Seu começo de carreira foi mesmo no meio de campo, mas como sabia fazer intervenções diante do adversário, do mesmo modo se deslocava bastante para frente com poder de decisão, logo veio a oportunidade na ala. A partir dali, Mazinho se transformou em um perigoso elemento de chegada e o reconhecimento de sua qualidade veio com o tricampeonato da Bola de Prata, em 1987, 1988 e 1989. A glória como campeão veio na sequência, com o título brasileiro de 1989, no Vasco, e de 1993, no Palmeiras, aí sim como meia, um ano antes do tetracampeonato mundial.



7. LÉO
O futebol moleque voltou a prevalecer no Santos durante a década de 2000, e Léo foi o primeiro a dar o ar da graça deste feitio destemido. O camisa três chegou ao Santos sem muitas expectativas, mas rapidamente evoluiu, foi mostrando sua leveza na hora de armar jogadas pela linha de fundo, até que finalmente desencadeou de vez seu arrojo em 2002, com belos e importantes gols, linhas de passe rápidas e dribles desconcertantes, capazes de deixar qualquer lateral-direito maluco ao tentar marcá-lo. Defensivamente, tinha suas limitações por deixar um ou outro clarão, mas compensava com a garra e o poder de reação. Ao lado dos Meninos da Vila, Léo foi campeão brasileiro em 2002 e 2004, mas individualmente foi além disso, com as Bolas de Prata de 2001, 2003 e 2004.



6. MARCO ANTÔNIO
Um prodígio! Esse é o melhor modo de definir Marco Antônio. Em 1968, iniciava a carreira na Portuguesa Santista, e em 1970, já era campeão brasileiro pelo Fluminense e campeão do mundo, em uma das maiores seleções da história. Tal acervo consagrado se estendeu ainda com cinco títulos cariocas e duas Bolas de Prata, em 1975 e 1977, época em que o prêmio era bastante concorrido. Marco Antônio era habilidoso e dificilmente tinha outro objetivo senão atacar, e com sua boa movimentação e jeito impecável de lançar a bola, era quase que um desperdício incumbi-lo de ficar na defesa. O curioso é que por seu estilo, acabou na reserva da Seleção de 70, já que com Gérson, Rivelino e Tostão caindo pela esquerda, faltava espaço para o futebol ofensivo de Marco Antônio aparecer.



5. LEONARDO
Ter Leonardo na lateral era a ter a certeza de serviço bem cumprido tanto na resistência aos ataques quanto no apoio mais à frente. Em sua passagem até curta pelo Brasileirão, Leonardo se fazia presente através do raciocínio, roubando bolas, chegando junto com perícia ou fortalecendo a recomposição na volta dos ataques. Na frente, era veloz, tinha classe, bom chute e refinamento no toque, evidente em sua inteligência para a articulação de jogadas. Por saber pensar no jogo, Leonardo foi parar no meio-campo mais tarde, mas sem perder seu instinto de impor pressão. Tetracampeão mundial pela Seleção, o lateral também foi campeão brasileiro em 1987, pelo Flamengo, e em 1991, pelo São Paulo. Em 1990, também obteve sua consagração individual no Brasileiro, sendo eleito o melhor lateral-esquerdo do campeonato, através do prêmio Bola de Prata.



4. SORÍN
Se existe alguma dúvida de que raça e técnica podem andar juntas, Juan Pablo Sorín é a prova de não há o que contestar dele nesta sentença. Primeiro que Juampi trabalhava jogadas com classe, através de passes ou lançamentos apurados, e desempenhava um importante papel de armadilha, de homem a mais que se mobilizava para quebrar o plano de defesa rival. Quando menos se esperava, ele surgia de trás com estilo, para chutar ou até mesmo cabecear de maneira oportunista. Não fosse o suficiente, Sorín ainda dedicava uma entrega física significativa na arrancada e em sua especialidade, os carrinhos, com a certeza de quem sabia o que fazia, para salvar a bola e sem ser desleal. Título brasileiro, o argentino não conseguiu, pois viu o seu Cruzeiro ser campeão um ano depois de sua saída, em 2003. No entanto, sua excelente passagem foi recompensada com a Bola de Prata de melhor lateral-esquerdo no ano 2000.



3. WLADIMIR
Em dezesseis anos de Campeonato Brasileiro, Wladimir foi um lateral que soube corresponder as expectativas. A cada fuga ao ataque ou cada ajuste para impedir uma chegada rival, o lateral corintiano tinha a ferramenta ideal. Alçava a bola na área como poucos, exibia uma determinação invejável na cobertura, empregava segurança nos momentos de risco e, acima de tudo, não faltava velocidade ou desembaraço com a bola nos duelos mais ríspidos com as defesas adversárias. Não o suficiente, quando o Corinthians partia para cima, Wladimir ainda sabia detectar o momento certo para invadir a área e concluir a gol, um talento que lhe rendeu até gol de bicicleta pelo time do Parque São Jorge. Injustamente, Wladimir teve poucas oportunidades com a amarelinha, por pegar uma fase tumultuada na Seleção, antes da Copa de 1978, mas na Bola de Prata alcançou seu ápice, sendo um dos tricampeões do prêmio, em 1974, 1976 e 1982. E antes dos pontos corridos, foi o lateral com mais partidas do Brasileirão, somando 330 jogos.



2. ROBERTO CARLOS
Com um porte atlético e explosão fora do comum, Roberto Carlos soube converter sua força em talento para jogar bola. Um dos poucos defensores a obter a Bola de Ouro da Fifa, ele não era um driblador, mas conseguia incendiar a torcida sendo o melhor no que sabia fazer. Era o melhor no cruzamento com exatidão, no passe com veneno, o melhor na cobertura, o melhor no carrinho, e o que dizer de suas disparadas no contra-ataque e de suas patadas poderosas? Em 1995, um levantamento realizado pela Placar apontou que Roberto Carlos era capaz de percorrer 100 metros em 10,6 segundos e impor uma velocidade de 115 km/h no chute. Se deixasse arrancar até a linha de fundo, depois não encontrava mais, e se clareasse para o chute fora da área, era um deus nos acuda. O incrível é que ele conseguia impor um efeito na bola em movimento ou na cobrança de falta, sob uma curva indefensável e de destino incerto para o goleiro. Como colecionador de títulos e prêmios, o ex-lateral do Palmeiras também guardou os seus troféus pelo Campeonato Brasileiro. Em 1993 e 1994, foi bicampeão brasileiro com o Verdão, e foi Bola de Prata por três vezes, além de ser eleito o melhor lateral-esquerdo no Prêmio Craque do Brasileirão de 2010.



1. JÚNIOR
Um jogador que era chamado de "maestro", só podia jogar por música, e Júnior defendia em harmonia, com seu futebol clássico, enquanto seus avanços no ataque se desenrolavam em um repique do samba, por meio de jogadas afinadas, que quase sempre terminavam em bola na rede para o Flamengo. Se Zico era o refrão dos cantos de uma torcida acostumada a entoar o grito de gol, Júnior era a estrofe daquele frisson da galera, quando o lateral passeava pelo gramado, conduzindo a bola sob um tom de passos ordenados que traziam a expectativa para o gol. O camisa seis da Gávea era um jogador de muitas cartas na manga, sabendo usar as duas pernas para fintar, chutar, cobrar faltas, virar jogadas, lançar, infiltrar, enfim... Era um lateral de múltiplas funções, tanto que atuou como volante com êxito no fim de carreira, ganhando o apelido de "vovô-garoto", pela desenvoltura que mostrava perto dos 40 anos, e ainda assumindo a braçadeira de capitão do Flamengo, quando conquistou seu último Brasileirão. Título brasileiro inclusive foi o que não faltou para Júnior, sendo um dos jogadores com maior número de conquistas na história, depois de ajudar o Flamengo nos campeonatos de 1980, 1982, 1983 e 1992. Na Bola de Prata, Júnior também arrebatou muitos troféus, com cinco Bolas de Prata e uma Bola de Ouro, a única entre os laterais desta lista.