Os Injustiçados | Maiores jogadores sem título brasileiro



Ao comentar sobre a falta de uma Copa do Mundo no currículo de Zico, o jornalista Fernando Calazans uma vez cravou: "Zico não ganhou a Copa? Azar da Copa". Pois bem, o Campeonato Brasileiro também deu azar nesse sentido e reúne uma galeria de gênios da bola sem títulos nacionais. Essas feras não podem sair da memória nunca, e por isso preparamos uma seleção de ídolos que deveriam ter uma conquista do Brasileirão no currículo. Na base do 4-3-3, vamos aos craques:







TAFFAREL | Goleiro
Se na Copa do Mundo conseguiu acabar com o fantasma dos pênaltis e ajudar a trazer o tetra, Taffarel não teve a mesma sorte no Brasileirão. Um dos maiores goleiros do país, Taffarel chegou perto do título brasileiro em 1988, mas terminou com o vice pelo Internacional, diante do Bahia de Bobô, Charles e cia. Naquele ano, Taffa fechou o gol, o que justifica sua Bola de Ouro concedida pela revista Placar.



NELINHO | Lateral-direito
Quem viveu a década de 1970, certamente lembra da famosa bomba de Nelinho no gol mais bonito da Copa de 1978, garantindo o terceiro lugar do Brasil. Todavia, pelo Cruzeiro, Nelinho parou em um duplo vicecampeonato nos Brasileirões de 1974 e 1975, que foram amenizados com a conquista da Libertadores de 1976. Nelinho também foi premiado com 4 Bolas de Prata da Placar.



BELLINI | Zagueiro-central
Brilhante capitão da Copa de 1958, Bellini ficou ofuscado em torneios nacionais por conta das privações das fórmulas de disputa da época. No Vasco, só jogou a Taça Brasil de 1959 e ficou em quarto lugar. Depois, jogou apenas o Campeonato Paulista pelo São Paulo, enquanto no Atlético-PR não passou do 9º lugar no Robertão 1968.



LUIZINHO | Quarto-zagueiro
Luizinho soube aliar força e técnica na zaga do Atlético-MG, da década de 80, levando a um bravo domínio do Galo no Campeonato Mineiro, e à titularidade no célebre time de Telê na Copa de 1982, Entretanto, o zagueiro padeceu sob a tragédia de Sarriá e a polêmica derrota para o Flamengo na final de 1980, sua melhor colocação em Campeonatos Brasileiros. No prêmio Bola de Prata, Luizinho obteve o troféu da Placar por duas vezes.



NÍLTON SANTOS | Lateral-esquerdo
Nílton Santos transbordou conquistas em sua trajetória, incluindo um bi mundial pelo Brasil e o título de maior lateral-esquerdo de todas as Copas, eleito pela Fifa. Porém, a Enciclopédia do Futebol teve que se contentar com o vicecampeonato brasileiro do Botafogo, em 1962, na final histórica contra o Santos de Pelé.



TONINHO CEREZO | Volante
Um dos meias que mais dividiram opiniões da imprensa até hoje, Toninho Cerezo passou perto do título brasileiro por duas oportunidades. O Patrão da Bola foi vice pelo Atlético Mineiro, em 1977 e 1980, justamente os dois anos em que foi Bola de Ouro da Placar, lembrando que ele tinha concorrentes como Zico e Falcão. Os anos se passaram, ele ainda conseguiu ser 4° colocado no Brasileirão 1993, já aos 38 anos. A idade inclusive foi alvo de questionamentos na época, mas sua importância no bi mundial do São Paulo conseguiu calar muitos críticos.



SÓCRATES | Meia-direita
Não há dúvidas que Sócrates é o maior injustiçado nesta lista. Enquanto outros viveram glórias pela Seleção ou uma extensa lista de títulos estaduais, Magrão venceu apenas três Paulistões pelo Corinthians e um Cariocão pelo Flamengo, pouco para um gênio com a destreza que tinha no toque de bola e um primor incomparável na visão de jogo. As melhores participações de Sócrates em Brasileiros foram dois 4° lugares, em 1982 e 1984. Para completar, ele ainda foi premiado com uma Bola de Prata, em 1980.



RONALDINHO | Meia-esquerda
Logo quando subiu ao profissional, Ronaldinho Gaúcho despontava no Grêmio fazendo vislumbrar fortes expectativas, que não se corresponderam. Uma saída precoce e conturbada fez o camisa dez do Penta deixar o Brasileirão de lado para brilhar na Uefa Champions League, tendência comum à maioria de nossos craques desde o fim da década de 1990. O tempo passou, Ronaldinho voltou à Série A e viveu a mesma expectativa seguida de insucesso, desta vez no Flamengo. O desacordo o levou para o Atlético-MG, onde ficou no quase em 2012 com o vice, mas ao menos foi escolhido como o melhor do campeonato, mais um prêmio individual importante para quem já foi eleito o melhor do mundo por duas vezes.



GARRINCHA | Ponta-direita
O anjo das pernas tortas foi a prova da importância da Taça Brasil, a era inicial do Brasileirão. Em sua única decisão, na Taça Brasil de 1962, Garrincha deixou de jogar duas partidas simplesmente por falta de um acordo na renovação com o Botafogo. Herói da Copa do Mundo de 1962, o Mané era indispensável para o Botafogo naquela final, e quando entrou em campo pela terceira partida sópôde ver o Santos golear e se sagrar campeão, em pleno Maracanã. Nada apagará toda a representatividade de Garrincha no futebol, mas o título da Taça Brasil daquele ano poderia ter mudado os rumos de sua biografia, de sua imagem e da reputação do Botafogo, diante de quem duvida da grandeza do Glorioso. Se o Palmeiras é lembrado como o único time capaz de bater de frente com o Santos de Pelé, imagine o Botafogo, base da Seleção de 62? Talvez, com o título brasileiro de 1962, de uma possível Libertadores de 1963 ou do Mundial Interclubes de 1963, teríamos um debate muito maior sobre quem foi melhor: Garrincha ou Pelé.



RIVELLINO | Ponta-esquerda
Quem é fã de jogadores canhotos, sente aquela dor no peito ao ver que o Brasileirão não tem Rivellino na galeria de campeões. Tricampeão mundial em 1970, Riva bateu na trave várias vezes: foi vice-campeão pelo Corinthians em 1967, 4º lugar em 1971 e 1972 pelo Corinthians, 3º lugar pelo Fluminense em 1975 e 4º lugar também pelo Flu, em 1976. O azar do Patada Atômica foi a concorrência... Na década de 1960, tinha o Santos de Pelé e a Academia do Palmeiras. Já em 1975 e 1976, quando era o melhor jogador brasileiro da época e liderava o timaço da Máquina Ticolor, Rivellino teve de lidar com o Inter deslanchando aos pés de Falcão, Figueroa e cia. Na Bola de Prata, um grande vacilo da Placar, que só concedeu um troféu ao craque, em 1971.


RONALDO | Centroavante
Ronaldo escreveu sua história no futebol europeu, né. É o Fenônemo! Encantou o futebol brasileiro cedo, foi parar na Europa cedo. Ele disputou só três campeonatos brasileiros. Em 93, ele arrebentou. O Cruzeiro nem foi pra fase final e ele quase foi artilheiro com 12 gols em 14 jogos. Ficou 2 gols atrás do Guga (do Santos). Meteu 5 na goleada de 6 a 0 do Cruzeiro no Bahia, e fez aquele gol antológico contra Rodolfo Rodríguez, que deixou a bola no chão pra reclamar, e Ronaldo botou pra dentro. Aí o Fênomeno foi pra Europa. E aí, chegou perto, né. Em 2010, o Corinthians vacilou. Em 2011, encerrou a carreira no primeiro semestre, Corinthians foi campeão no segundo semestre. Aí quer dizer, um gênio como Ronaldo participou de 3 Brasileirões, fez 30 gols, em 45 jogos. Média de 0.66. Média alta. Imagina se ele tivesse jogado pelo menos uns 4 Brasileirões a mais. Nem Bola de Prata da Placar ele conseguiu. A gente só espera que no futuro não aconteça o mesmo com Neymar, que também não tem título brasileiro, e foi pra Europa cedo.